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segunda-feira, 29 de março de 2010

Ex-secretário nacional de segurança critica governo

O ex-secretário nacional de segurança pública José Vicente da Silva criticou a propaganda do governo baiano que responsabiliza o consumo de crack por 80% dos homicídios na Bahia. “Em São Paulo, existe uma região no centro da capital paulista, chamada Cracolândia, onde há o tráfico dessa droga e grande concentração de viciados, mas, mas nem por isso há homicídios como vem acontecendo atualmente na Bahia”, afirmou o especialista, na manhã de hoje (26/03), durante o seminário internacional “Segurança Pública – Um Desafio Político na América Latina”.
Promovido pela Fundação Liberdade e Cidadania, entidade ligada ao Partido Democratas, e Fundação Konrad Adenaur, o evento se realiza no Hotel Pestana, em Salvador, e prossegue pela tarde de hoje, reunindo especialistas em segurança pública do Brasil, Colômbia, México, Panamá, Paraguai, Venezuela, Chile e Argentina, além de políticos, sindicalistas, policiais e estudantes. Para o presidente estadual do Democratas, o ex-governador Paulo Souto, a questão da segurança é o maior problema da Bahia atualmente, e o seminário é uma oportunidade de conhecer experiências de outros lugares para ajudar na formulação de soluções.
Em sua palestra, o especialista José Vicente fez um comparativo entre as cidades de Salvador e São Paulo para mostrar que existem medidas eficazes para frear a escalada da violência, que custa R$ 15 bilhões anualmente ao País. “No ano passado, em Salvador, ocorreram 2,2 mil homicídios, enquanto na capital paulista foram 1,2 mil mortes. Houve um aumento de 90% no número de assassinatos na capital baiana, mas, em São Paulo, ocorreu uma queda de 39%”, disse.
De acordo com o ex-secretário nacional de segurança pública, para chegar a um número de homicídios bastante inferior a outra capital que é quatro vezes menor em termos de população, São Paulo desenvolveu profundo trabalho na polícia. “Investiu-se na inteligência, estrutura operacional e na qualificação profissional dos policiais, que passam dois anos em treinamento numa escola com certificação de qualidade”.
Se, em São Paulo, foi possível reduzir os índices de violência, José Vicente acredita que, na Bahia, também é. “O que não pode é continuar procurando desculpas para o aumento da criminalidade. São necessárias medidas eficazes para evitar a impunidade”.
Estudo da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, segundo o especialista, aponta que a redução da criminalidade está relacionada à capacidade da estrutura do estado combatê-la. “A impunidade só estimula a violência”, afirmou José Vicente.
Para a assessora da Presidência da Colômbia, Paola Holguín, a violência impede o crescimento dos países e a possibilidade de redução das desigualdades sociais. “Segurança é um direito humano. É inconcebível que não esteja acima dos partidos políticos”. Segundo ela, a segurança pública tem que ser uma política de estado e de longo prazo. “São necessários recursos, mas principalmente de vontade política para resolver o problema da violência na América Latina”. 
Em Medelin, na Colômbia, cidade que esteve sobre o controle de narcotraficantes e com alto índice de violência, segundo Paola, o governo agiu com intervenções no espaço público para fortalecer o tecido social. “Houve intervenções no sistema de transporte, implantação de bibliotecas e centros de capacitação em regiões carentes, além de programas de desarmamento e de visibilização das vítimas”.
Na avaliação do deputado nacional do México, José Luis Ovando, o narcotráfico é um problema que transcende fronteira e impacta em todos os setores sociais. “Regiões carentes de serviços públicos, com problemas sociais e desemprego, transformam-se em abrigos dos traficantes de drogas”. O especialista mexicano entende também que a impunidade é o principal estímulo à criminalidade.
 

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