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terça-feira, 13 de abril de 2010

‘Não existe ex-estuprador’, diz MP em documento pedindo vigilância de Adimar

Pedreiro confessou ter matado seis jovens em Luziânia, em Goiás.
Promotora queria maior fiscalização para ‘salvar dignidade de crianças’.


Documentos anexados ao processo que devolveu às ruas o pedreiro Adimar Jesus, assassino confesso de seis jovens de Luziânia (GO), revelam que a Justiça tinha laudos psicológicos que identificaram “sinais de sadismo” e “de transtornos psicopatológicos” em um exame criminológico realizado um ano e sete meses antes da sua libertação.
 A Justiça também foi alertada pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) a implementar “fiscalização sistemática” sobre Adimar no dia 14 de janeiro deste ano, quando três dos seis jovens já haviam desaparecido.
 No pedido ao que o G1 teve acesso, a promotora Maria José Miranda Pereira sustentou que a vigilância constante da Justiça sobre Adimar poderia “salvar a dignidade sexual de muitas crianças”. A promotora ainda utilizou um argumento direto para justificar sua preocupação sobre a conduta do pedreiro: “Não existe ex-estuprador. Considerando-se que não existe ex-estuprador e, diante da extrema gravidade dos ignóbeis crimes pelo sentenciado cometidos, requeiro seja expedido mandados para fiscalização sistemática e reiterada”, solicitou Maria José.

  • Aspas Considerando-se que não existe ex-estuprador e, diante da extrema gravidade dos ignóbeis crimes pelo sentenciado cometidos, requeiro seja expedido mandados para fiscalização sistemática e reiterada"
O pedido da promotora foi escrito de próprio punho atrás de um dos “Mandados de Constatação na Residência” ordenados pela Justiça em 7 de janeiro deste ano, para que um oficial fosse até a residência de Adimar para constatar se ele cumpria as determinações judiciais “de recolher-se à sua residência diariamente, até 21h, e nos dias de folga e feriados”.
 Crimes anteriores
Ao mencionar a “extrema gravidade dos ignóbeis crimes” cometidos por Adimar, a promotora chamava a atenção do juiz para o relato feito pelo MP das barbáries cometidas pelo pedreiro, em novembro de 2005, com dois jovens de Águas Claras, cidade próxima a Brasília.
 Na ocasião, depois de convencer um menino de 11 anos a acompanhá-lo até sua casa para auxiliar em uma suposta mudança, Adimar o redeu com uma faca e o abusou sexualmente. O  menino conseguiu convencer Adimar a parar, sob a condição de que voltaria mais tarde com outro amigo. “No mesmo dia e logo após a prática do crime anterior, Adimar voltou às ruas e encontrou um adolescente de 13 anos.



"Utilizando-se do mesmo artifício, conseguiu levar o adolescente até a residência”, relata o MP na denúncia. A exemplo do que fez com o primeiro menino, com a resistência do adolescente ao avanços sexuais o pedreiro lançou mão novamente da faca, mas foi interrompido pelos agentes da polícia que chegaram na companhia do primeiro garoto violentado.
 Insegurança e agressividade
O laudo criminológico realizado pelos psicólogos da Subsecretaria do Sistema Penitenciário do DF registrou que Adimar apresentava traços de personalidade predominantes e que poderiam ser vistos com preocupação pela Justiça como: “Imaturidade, dependência, insegurança, agressividade, barreiras nos contatos sociais, perturbação identificação sexual, dificuldade de ajustamento sexual”.
Ao falar de sua vida familiar, Adimar foi incapaz de lembrar até mesmo a data de seu nascimento: “O periciando não sabe a data do seu nascimento, que ocorreu em sua casa na zona rural de Morrinhos (BA).” Os psicólogos levantam diferentes fatores que teriam contribuído para a formação da personalidade problemática do pedreiro: “O analfabetismo, aliado ao precoce trabalho infantil e ao tênue relacionamento social podem ter colaborado para que sua personalidade não se desenvolvesse de modo harmônico.”

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