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domingo, 11 de abril de 2010


Segundo o último levantamento divulgado pelo Corpo de Bombeiros na tarde deste sábado (10), o total de mortos devido às chuvas no Estado do Rio de Janeiro chega a 223. Os dois últimos corpos foram encontrados no município de Niterói, porém os bombeiros não confirmam a localização exata.
Até o momento, foram registradas 140 mortes em Niterói, 63 na cidade do Rio de Janeiro, 16 em São Gonçalo, uma em Petrópolis, uma em Nilópolis, uma em Paracambi e uma em Magé. O número de vítimas, entre mortos e feridos, chega a 384.

Tragédia no RJ

O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), visitou na tarde de ontem (9) o morro do Bumba, onde houve um deslizamento de terra na noite da última quarta-feira (7), e disse que as estimativas apontam que ainda existem de 100 e 150 corpos soterrados ali. "A situação é estarrecedora", afirmou.
A prefeitura e a Defesa Civil já haviam apontado que cerca de 200 pessoas moravam no local, onde existiam ao menos 50 casas. Para o subcomandante do Corpo de Bombeiros, coronel José Paulo Miranda, será difícil resgatar alguém com vida.
As buscas em Niterói, cidade mais atingida, acontecem 24 horas por dia. Cerca de 300 homens, entre integrantes da Força Nacional de Segurança (FNS), policiais civis, bombeiros e policiais militares, trabalham no local com a ajuda de máquinas.
O trabalho de resgate não tem prazo para terminar e, segundo o governador Sérgio Cabral (PMDB), deve durar cerca de duas semanas.
Segundo a prefeitura de Niterói, cerca de 6.000 pessoas estão em um dos 64 abrigos reservados para as vítimas das chuvas na cidade. O órgão informou ainda que a cidade recebeu até o momento mais de 20 toneladas de doações, entre alimentos, roupas, produtos de higiene pessoal e colchões.
Moradores reclamam que não recebem ajuda para a mudança
O drama de quem viu bem de perto a tragédia do Morro do Bumba, com a lama de um lixão engolindo dezenas de casas e pessoas, continua. Os vizinhos que se salvaram são obrigados agora a sair do local. Suas casas foram interditadas pela Defesa Civil e famílias inteiras têm que deixar às pressas os imóveis.
Os moradores não sabem para onde ir. Sem ajuda do Poder Público, tentam carregar nas costas o pouco que lhes restou. Roupas, móveis e eletrodomésticos ficam do lado de fora, cobertos por plásticos, para evitar que a chuva estrague tudo.
Para o aposentado Norival dos Santos, que comprou uma casa há 12 anos naquele que parecia um lugar seguro, o destino é incerto. “A vida da gente agora é pedir a Deus que dê um abrigo para cada um de nós. Até agora não deram ajuda nenhuma para sairmos daqui. Estamos sem luz, não temos comunicação com nada, não tenho visto televisão, nem escutado rádio”, contou Norival, que investiu todas suas economias na pequena casa, que agora ameaça desabar na cratera que se formou com a avalanche.
São Gonçalo e Niterói ficarão com R$ 70 milhões da ajuda
O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, anunciou ontem que os municípios de São Gonçalo e Niterói receberão, cada um, R$ 35 milhões dos R$ 200 milhões anunciados ontem pelo governo federal para recuperação dos danos com as chuvas. O restante será distribuído para mais 14 municípios, além da capital, que terá R$ 90 milhões.
A expectativa de São Gonçalo é fazer a dragagem da foz e de canais de rios, no modelo implementado pela Secretaria do Ambiente, na Baixada Fluminense. “Eles farão o projeto, porque não adianta só limpar a cidade, com o canal entupido, com a foz alta. Toda vez que chover forte, teremos o mesmo problema porque a água não sai”, disse a prefeita.
Depois de reunião com o governador, a prefeita de São Gonçalo, Aparecida Panisset, esclareceu que o dinheiro será investido na reconstrução e estabilização de pontes, contenção de encostas, drenagem, além da limpeza de rios e bueiros. As ações são emergenciais e devem antecipar as obras de infraestrutura que foram acordadas entre o governo e a prefeitura, hoje.
Segundo levantamento da prefeitura, precisarão de obras a foz dos rios Bomba, Brandoas, Marimbondo, Imboaçú, Guaxindiba, Alcântara e Porto da Pedra. Para atender os cerca de 8 mil desabrigados e desalojados, Aparecida Panisset informou que cerca de 3 mil casas serão construídas. Até que fiquem prontas, a prefeitura acertou com o governo estadual o pagamento de aluguel social para cerca de 2 mil famílias, com objetivo de desocupar as escolas.

Após encontrar filho vivo em morro de Niterói (RJ), mulher descobre que será avó

IML
O presidente do Tribunal do Justiça do Rio de Janeiro, desembargador Luiz Zveiter, anunciou que o órgão montará uma espécie de "Mini-IML", dentro de um ônibus no morro do Bumba, para facilitar o trabalho de identificação dos corpos das vítimas do deslizamento que atingiu o local. Em outro ônibus será instalado um centro para emitir documentos para os atingidos pelos deslizamentos.
Em razão do grande número de mortes decorrentes das chuvas, o IML de Niterói ficou sobrecarregado, e parte das vítimas estava sendo conduzida ao IML da capital. Agora, os corpos encontrados no morro do Bumba não serão mais levados até o Rio. "Os corpos vão sair a partir de agora daqui para o enterro", afirmou Zveiter, que está no morro do Bumba.
Área de lixão
O morro do Bumba, que abrigava moradias precárias, era ocupado por um antigo lixão. Em meio aos escombros é possível observar toneladas de lixo.
“Isso aqui é um lixão que se encharca muito mais rapidamente em comparação com outros morros. O solo vai ficando ensopado e ocorre a formação de gás metano. Com tudo isso, o ângulo estável fica muito menor. A prefeitura deveria ter um cadastro desta área, que é de altíssimo risco", explicou Adalberto da Silva, professor de geologia do Instituto de Geociências da UFF (Universidade Federal Fluminense).
A secretária Estadual do Ambiente do Rio, Marilene Ramos, afirmou que o deslizamento pode ter sido provocado por uma explosão ocorrida quando o gás metano do lixão entrou em contato com a atmosfera movendo a terra que já estava debilitada pelo acúmulo de água da chuva.
O prefeito de Niterói, Jorge Roberto da Silveira, visitou o morro do Bumba ontem e afirmou que não sabia que as casas da região tinham sido construídas sobre um lixão.
Mas, reportagem do UOL Notíciasrevelou que a prefeitura da cidade não colocou em prática um plano de prevenção de riscos elaborado por pesquisadores da Universidade Federal Fluminense (UFF), com financiamento do Ministério das Cidades e da própria prefeitura. Finalizado em 2007, o plano custou R$ 120 mil e previa ações em vários pontos suscetíveis à ocorrência de desastres causados pela ação do tempo.
A Polícia Civil informou que abriu um inquérito para apurar eventual responsabilidade do poder público no deslizamento.

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