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terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Oficial exonerado por governador diz temer pela própria vida



Coronel exonerado


Exonerado no final da tarde de ontem (20) pelo governador da Bahia, Jaques Wagner, o tenente coronel José Carlos Batista, que deixa o comando do II Batalhão da Polícia Militar após se desentender com o superior, coronel Ivo Silva Santos, comandante do policiamento regional, jogou mais lenha na fogueira ao ser entrevistado na manhã desta terça-feira (21) no programa O Tabuleiro, da Fm Conquista, em Ilhéus. O tenente coronel exonerado disse que continuará com o protesto e que não vê a sua saída de Ilhéus como o fim, mas como o começo de uma nova etapa na PM baiana. "Estou sendo perseguido por uma ética que não deve mais ter espaço nem vez na Bahia. A minha punição é uma aberração administrativa", alega. O oficial garante que, pelo menos, o seu protesto poderá servir para que o seu sucessor possa ter o direito ao que ele não pôde ter.
O tenente coronel foi além. Disse que teme pela própria vida. E garante que não é de agora que vem sendo perseguido. Segundo afirmou, desde a época em que comandou o policiamento de Barreiras, no oeste baiano, há uma orquestração e uma campanha de desestabilização contra a sua pessoa e denuncia a existência de uma quadrilha na corporação, formada por policiais envolvidos com o tráfico, falsificação de carteiras de motorista, diligências clandestinas, "todos eles protegidos por autoridades policiais e judiciárias da Bahia", que ele vinha combatendo até ser transferido para o sul do estado.
O tenente coronel José Carlos Batista - que tem previsão de ir para a reserva da PM em junho de 2011 - disse que chegou a saber por intermédio de terceiros que algumas autoridades baianas o viam em Barreiras como alguém que "estava criando asas, ficando bem quisto demais na cidade" e este fato teria sido a gôta d´água para que ele fosse transferido para Ilhéus. "À época eu estava prestes a desbaratar interesses escusos e criminosos em Barreiras", garante o oficial. A saída, agora, de Ilhéus, é sob a justificativa de que ele teria cometido a chamada "indisciplina hierárquica", condenada na corporação.
O comandante geral, Nilton Mascarenhas, solicitou o afastamento do militar ao governador Jaques Wagner, após declarações não autorizadas de Batista sobre imóveis que seriam utilizados como residência por comandantes da corporação. O tenente coronel acusou o seu superior, coronel Ivo Silva Santos, comandante do policiamento regional, de utilizar uma casa em Ilhéus para temporadas de férias às custas do erário público, enquanto ele permanece morando numa pousada e pagando as despesas do seu próprio soldo há pelo menos um ano e meio. Pelos cálculos do tenente coronel exonerado, ele já teria desembolsado algo em torno de 30 mil reais com aluguéis.
Esta semana, o tenente coronel José Carlos Batista instalou seu gabinete na porta da residência em questão para protestar contra os benefícios do coronel Ivo Silva Santos, que mora em Jequié e só frequenta a casa, segundo o subordinado, nos finais de semana. O protesto teria causado mal estar em Salvador. "Combato tenazmente a hipocrisia, a miséria (moral  e ética, principalmente), a prostituição, o crime, em suma, o mal. Defendo, no entanto, por ser de justiça e compaixão, os direitos que têm, como pessoas humanas, os hipócritas, os miseráveis, os prostituidos, os criminosos,  enfim, os maus. Isso também é amor. São nossos irmãos e irmãs que, por algum tipo de fraqueza orgânica, da alma (mente, vontade e emoção) ou espiritual, caíram em suas respectivas desgraças", escreveu o subordinado, num recado direto ao superior.
A atitude, segundo apurou o Jornal Bahia Online, foi condenada pelo comando da PM na Bahia, que decidiu abrir uma sindicância contra o comandante da PM de Ilhéus e afastá-lo das funções. "Não exijo que me amem nem que gostem de mim. Nada quero além daquilo que mereço. O importante é que me respeitem como também a todos os titulares desse mesmo direito, mormente os bons profissionais que na nossa Polícia Militar constituem a sua quase totalidade", respondeu o militar.


 

 




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